terça-feira, setembro 25, 2012

Já a formiga tem catarro

Assim ao jeito de facebuke, partilho com voceses (tradução de ustedes) este texto do Arrastão.

Já a formiga tem catarro
Daniel Oliveira


Miguel Macedo foi a Vouzela. Tal como acontece e continuará a acontecer a todos os membros de um governo em estado comatoso foi vaiado quando lá chegou. Naturalmente, não gostou. E não deixou de nos oferecer a sua "pedagogia":"Portugal não pode continuar um país de muitas cigarras e poucas formigas". Para começar, talvez não fosse mau recordar ao pedagógico ministro que está a falar com adultos. Não são nem seus filhos nem seus netos. São quem lhe paga o salário para cumprir a sua função: governar.

Para o ministro da Administração Interna há, em Portugal, um bando de preguiçosos (muitos) que gasta o que não temos. Ou seja, esses muitos (a maioria, supõe-se) são os responsáveis por esta crise, diz o Mitt Romney à portuguesa. E depois há uma minoria de gente trabalhadora, ordeira e caladinha que paga e segue quem manda, mesmo que quem mande seja visivelmente incompetente e destituído de qualquer capacidade política.

Não farei a injustiça de dizer que Miguel Macedo é uma cigarra. Até porque, como se vê pelos seus atributos de "pedagogo", falta brilho à sua música. Fará o que pode e o melhor que sabe. É provável que possa pouco e que não saiba grande coisa. Mas, como também sou cidadão deste País, quero ser pedagógico com o senhor ministro, seus colegas e a horda de boys que ciclicamente inunda, sem outro critério que não seja o cartão partidário, os ministérios. Seria bom, nestes tempos difíceis, abandonarem as fábulas infantis e, como sabe quem conhece esta, com um cheirinho bafiento de outros tempos. Seria bom deixarem de chamar "piegas" e "preguiçosos" a quem os elegeu. Gostem ou não gostem do povo que governam, é para ele que têm de trabalhar. E quando um governo e um povo não se dão bem, um deles está a mais. Não se podendo mudar de povo, costuma-se mudar de governo. Poderá então o senhor ministro seguir o apelo do seu primeiro e emigrar em busca de um povo que se deixe governar melhor.

Para dar lições de moral ao País é preciso ter alguma. E um governo que tem Miguel Relvas como um dos seus principais ministros, que há poucos dias nos ofereceu a triste novela da TSU e que tem para oferecer aos portugueses os catastróficos indicadores económicos que conhecemos, não pode abrir a boca para ensinar nada a ninguém. Se é difícil aturar o insulto de quem tenha competência, torna-se ainda mais insuportável quando os sermões vêm de quem, até agora, não conseguiu merecer o lugar que ocupa.

Foi Passos Coelho que marcou este estilo de sermão de professor primário. Um estilo que aposta no histórico complexo de inferioridade dos portugueses para, amesquinhando-o, o tornar mais manso. Pode ter passado despercebido ao ministro, mas nas últimas semanas, quando os portugueses perceberam o assalto que esta gente preparava, mudou muita coisa. E a paciência para este tipo de garotadas esgotou-se. Sim, o barulho insuportável das supostas "cigarras" vai continuar a ouvir-se. Porque, veja-se o descaramento,não gostam de ser tratadas como "formigas".

Publicado no Expresso Online

sexta-feira, setembro 21, 2012

A CP e as bececletes

Os comboios são uma cena que me assiste. Ou melhor, os comboios são uma cena que eu muito gostaria que me assistissem. Infelizmente, por cá, a malta não acha o mesmo.
Veja-se o que era a ferrovia nacional há 30 anos atrás. Era bestial. E anulava um conceito que se inventou em Portugal (com custos elevadíssimos para a pessoas, diga-se) desde que Cavaco foi Primeiro: o de Interior.



Ao nível do por exemplo: ah e tal Castanheira de Pêra é Pinhal Interior. Pois sim, mas 45 minutos depois de aviar uma bica ao lado da Praia (com ondas artificiais) das Rocas, bem no centro da Castanheira, eu posso estar fazer carreirinhas em ondas à séria do Atlântico. O mesmo é dizer, havendo vias de comunicação perpendiculares ao mar o nosso rectângulo cruzam-se em hora e pouco, pá! Não precisa de haver interior. Interior é Madrid!

Desculpem lá, perdi-me aqui a ver como era bem esgalhada esta rede do antigamente e ao pensar como estão mal paridas (e estupidamente caras) as vias de comunicação que temos. O post era mesmo sobre Comboios e Bececletas.

A propósito deste artigo, lembrei-me de contar o sucedido aqui há um mês atrás quando tentei levar uma bike num comboio para o Fundão.
Portantos, falamos de uma terça-feira, a meio do dia. Em Santa Apolónia não estariam mais que 8-10 pessoas para ir naquele comboio. Entrariam algumas mais no Oriente, depois em Vila Franca e Santarém e a partir seria sempre a ficar mais leve até ao Fundão. Portanto, se há coisa que aquele comboio tinha era espaço, por oposição ao que já não tem desde a reformulação da linha: conforto, estores e bar.

Eu levava uma bike de estrada e dois sacos de rodas. Assim podia ensacar a roda de trás (cujo carreto poderia sujar) enfiar o triângulo traseiro e todo o sistema de transmissão (que poderia sujar alguma coisa) dentro do outro saco. Ficava tudo em pequenino e caberia naquelas prateleiras que há fundo das carruagens.

Mas e eu lá consegui levar o plano para diante? Não senhor! E porquê? Porque há cabecinhas tacanhas na CP que gozam muito mais por dar cabo da vida a um gajo do que por permitirem a alguém viajar com um volume maiorzito. Que por acaso era uma bike mas que até poderia ser uma outra macacada qualquer, ocuparia o mesmo volume.
Estava eu prestes a entrar no Comboio quando lá de longe vejo um tipo a acenar e:
- oi! oi! oi!! parou ai!!!
Eu parei e esperei que ele desfilasse até mim, mostrando quem é que mandava ali.
- onde é que julga vai?
- para o Fundão...
- não pode levar a bicicleta!
- mas olhe que eu já levei noutras ocasiões e tenho isto assim- assim para proteger e ensacar e o camandro
- não pode! Avisou na bilheteira que levava a bicicleta?
Menti: claro!! 
Voltei a falar verdade: Mas mesmo que não tivesse avisado, quando um tipo leva uma bike pela mão à bilheteira e compra um bilhete para dali a 5 minutos, está bom de ver que pensa viajar com ela.

O gajo olha para relógio. Vê que ainda tem tempo. Faz um sorriso cínico e atira:
- vamos la ver então se avisou, ou não avisou!...

E eu concluí: já foste! David, tu és a fita-métrica que este Pica precisava para provar que tem um grande marsapo e que ali, em Santa Apolónia, ninguém mija fora do penico e muito menos leva bikes num comboio vazio!!!

Já que assim era e eu não ia mesmo a lado nenhum. Pelo menos com a bicicleta comigo não iria. O melhor mesmo era molhar a sopa e aliviar a frustação em quem, por capricho, a causou. Assim sendo, lá assumi a frente da procissão até à bilheteira e chegado lá pergunto ao tipo:
- então você vê-me de bicicleta na mão, vende-me o bilhete e não me diz que não posso viajar?
- eu não tenho de ver nada! Eu aqui não quero saber de mais nada, senão de lhe vender o bilhete!
- Claro que não quer! Isso sei eu. Você tá-se cagando para um cliente. Esta chafarica não é sua, ao fim do mês ganha o mesmo, porque raio é que me haveria de tratar bem?? Prestar um bom serviço não faz parte do seu serviço. Você só vende bilhetes, não é? Você vende os bilhetes e aqui (não disse, mas pensei, este minorca de bigode com um granda par de talegos ao pendurão) este senhor decide quem é que pode viajar com o quê. Tipo deus da carruagem. Ao menos devolve-me o dinheiro?
Silêncio...
Atirou-me com 16€ para cima do mármore que separa o cliente do funcionário da CP.

E pronto, é isto que temos por cá.

Nota mais séria: eu até consigo perceber que seria um problema se a malta toda viajasse de bike na mão na Linha da (densamente povoada) Beira-Baixa. Consigo perceber que seria complicado caso eu viajasse ao fim do dia, ou a uma sexta-feira ou até, quem sabe, numa véspera de feriado (tipo Natal ou Fim-de-Ano, sei lá). Mas como nessas vésperas de dias festivos os maquinistas até fazem greve, eu teria mesmo de procurar uma alternativa e não chateava ninguém com a minha burra!

Tenho dito. Bom fim-de-semana!







quinta-feira, setembro 20, 2012

Estupidez!

Por amor do coiso! Mas o que é isto?!


Imagine-se o que seria agora a malta desatar a escrever sobre a sexualidade dos héteros.

Fulano tal, jornaleiro, anda muito stressado porque não tem ninguém que o apoie lá no trabalho, onde vai fazendo tudo sozinho. Chega a casa tarde e tem-se visto sem moral para enrigar o marsapo. A fulana de tal, com quem vive maritalmente, anda infeliz e começa a envidenciar sinais de quem não tem peso. Relata um vizinho, que quis manter o anonimato, que ela já arrasta os pés.



quarta-feira, setembro 19, 2012

em duas palavras: DA-SSE!

Não consegui embutir o filme aqui no berlogue. Portanto, tratem lá de espreitar aqui o link da Tv Catalã.

Basicamente, o Joakillian lembrou-se de fazer a travessia do Mont Blanc, de Courmayer a Chamonix, passando pelo cume e descascando de caminho umas das vias mais exigentes, a Innominata (1000m, D+, V+, 60º). Tudo isto a solo e com uns ténis de trail nos cascos.
Diz então que o rapaz saiu da cama cedinho e que às 3:53 estava em frente à igreja de Courmayeur, 8:42:57 depois já estava a almoçar em Chamonix. Dizer ainda também que o habitual é este percurso ser feito, por quem até tenha uma certa e determinada área, em 3 dias.


É claro que isto é tudo impacável e coiso, mas se o pessoal começa a achar que qualquer atleta equipado com meias de compressão pode andar ai a aviar montes qual JoaKillian não faltará serviço às equipas de resgate.

Resumo da jornada no Movescount.