Ao longo dos tempos, e à medida que estes episódios se vão sucedendo, fui ganhando uma perspectiva menos negativa do momento em que as pessoas desaparecem. Não é nada demais, é apenas biológico. O fim, é apenas isso mesmo, o fim. O que conta é mesmo o percurso, a viagem. Isso é o que é interessa, mesmo!
Este fim-de-semana terminaram o seu percurso por cá duas pessoas com quem o Triatlo me fez cruzar. Quer o Jorge Alexandre Lopes, como o Emilio di Toro deixam por cá uma valente obra. E eu acho que isso é bestial!
Diria mesmo que se há algo pode confortar as pessoas mais próximas de quem vai é mesmo a sensação do dever cumprido, de se saber que enquanto se por cá passou se teve a capacidade de inspirar outras pessoas a fazer algo de produtivo, de bom.
O Emilio era o Presidente da Federaçao Europeia de Triatlo. Tipo curioso. Muito dado às coisas do estilo, italiano genuino. Aqui há uns tempos no Luxemburgo fomos almoçar e recebi a mais interessante aula de etiqueta e costumes à mesa. É um tópico que dificilmente me poderia interessar menos, mas o entusiasmo, esse, entusiasmou-me!
Com o Jorge Lopes aprendi mais coisas. Tive o privilégio de comentar algumas provas com ele na RTP. Era um tipo extremamente meticuloso no seu trabalho. Quando me sentei ao lado dele pela primeira vez fiquei intimidado com o trabalho de casa que ele tinha feito. Estávamos na Taça do Mundo de Triatlo de Lisboa de 2007 e eu não poderia andar mais atrapalhado a tentar que a prova acontecesse. Cheguei lá com zero minutos de preparação (como é meu habito) enquanto que ele tinha vários cadernos manuscritos com estudos comparativos dos tempos dos atletas. Um verdadeiro trabalho de ourives. E eu com duas folhitas, uma para cada startlist, a masculina e a feminina...
O Jorge era o dono DA voz que (aqueles que gostam) nos habituámos a associar às provas de atletismo. Para além de saber muito daquilo, era extremamente inteligente mas também sempre o achei um gentleman.
Fica o recuerdo e o agradecimento por terem passado por cá!