Eu, pleno de força. Com o Salvador armado em Futre ali atrás
Na manhã da dita lá levantamos o odro da cama bem cedinho, tomamos o pequeno almoço no quarto e rumamos à zona do Arco do Triunfo. Haviamos combinado com o Sérgio Santos à porta de um MacDonalds, acabamos por ir para outro. Com sorte, no meio confusão, acabamos por o encontrar a aquecer numa rua vizinha e lá trotamos um pouco antes de nos colocarmos na primeira fila (logo após os corredores de elite).
À hora marcada soou o tiro do canhão e fizemo-nos Champs Élisées abaixo. Fui extremamente conservador nos primeiros Km's. Como durante a preparação não tive oportunidade de fazer os treinos longos que devia estava muito céptico em conseguir o andamento de 4' por Km até ao final da prova (como o Mister havia sugerido). Assim, levantei um tudo nada o pé e fui andando a 4'06'' e até mais lento que isso já que nos Km's iniciais perdi muito com a quantidade de pares de sapatilhas que se cruzavam com as minhas. Na cabeça levava bem frescas as sensações de estoiro que sofri os 28Km da Maratona de Sevilha em 2005 pelo que, desta vez, encarei a coisa como sendo uma prova de 12Km com 30 de lançamento. Passei aos 10Km em 41'30'' e aos 15Km passei em 1.02'.05''. Ao longo deste tempo fui desfrutando ao máximo da prova, das bandas de percursão e metais que haviam a cada 2 km's. A passagem à meia-maratona (1:27'15'') foi das coisas mais giras que tive no desporto. Havia imenso público (em generosa euforia), que nos fechavam a passagem deixando apenas um metro para o pelotão de atletas passar. Confesso que saí da meia arrepiado e com pele de galinha. Foi fabuloso.
Ainda bem disposto, perto do Km 25
Lá continuei de mansinho, a curtir a prova (esta é mesmo a melhor forma de descrever as sensações) e procurando manter-me bem para os últimos 12Km. Fiz questão de consumir bastante gel para não ter nenhuma quebra. Meti aos 6, aos 15, 22.5, aos 30, 35 e 40.
A partir da meia, como ia ainda muito bem fui saltando de grupo em grupo já que estava a andar alguns segundos mais rápido. Entre o Km 27 e o 29 o percurso passava por 4 túneis, bem perto da Torre Eiffel, nomeadamente o Tunel D'Alma onde morreu a princesa Diana. Nos topos desses túneis era possivel ver até mais de 1km para a frente. Ficava parvo, após 2 horas de prova havia ainda um pelotão compacto à minha frente. É impressionante a quantidade de pessoal que corre para baixar das 3 horas em Paris.
A partir dos 30 é que me decidi a entrar mentalmente dentro da prova e sofrer um bocadinho. Procurei acelerar. Até aos 35Km, apesar de já sentir o peso dos Km's nas pernas estava ainda fresco e com vontade de andar mais rápido.
No abastecimento dos 35Km tive a infeliz ideia de pensar: "já só faltam 7, vou-me molhar com uma esponja e fazer estes últimos a dar bem no osso". Assim que me molhei senti um belo arrepio seguido de uma marretada na cabeça que me vem a afectar esta zona toda (estou a apontar para as pernas). Dai até ao final foi um suplicio, só queria não andar mais lento que os 4'30'' por Km mas nem isso consegui nos Km 36 e 39. A última parte da prova é feita no Bosque de Bolonha e tem alguns retornos que quebram imenso o andamento, principalmente aos estorininhos que, como eu já levavam dois paus no lugar de pernas. Como senão bastasse ainda tive de aturar um indivíduo (adiante designado por bigodes) colado a mim que a cada bufadela respiratória dizia em tom sofrego "allez...!", mais uma bufadela e "allez...!" e mais outra e "allez...!". Já não o ouvia! Pedi-lhe por favor que calasse a bragana (tive de pedir em Português da Beira, com um ponto final do carvalho e tratando o bigodes em causa por "oh bigodes").
Finalmente a avenida Foch, onde estava a meta. A sensação final não teve nada que ver com a de Sevilha, não sei se por não ter tido a oportunidade de correr sozinho e logo não ter posto a cabeça deambular por outro lados, foi muito diferente! Ainda assim foi gratificante chegar à meta.
Maratona de Paris 2006
Acho que cheguei à meta em bom estado, conseguia caminhar bem. Sinto que durante os 30Km iniciais estive muito longe de dar o que podia mas preferi não arriscar. Não foi grande táctica já que no final estava na mesma roto. Mas tudo bem. Foi mais uma experiência fantástica.
Os meus parceiros de Hotel foram embora logo após a prova e fiquei sozinho na fantástica zona do Pigalle. Depois de uma bela tarde refastelado a ver o Paris-Roubaix fui juntar com outro pessoal do nosso grupo que também tinham ficado para segunda. Com eles veio o Luís Jesus, que foi a estrela "branca" da maratona de Paris, foi 4º mas com um fantástico 2h08'55''. Foi um jantar bem regadinho e muito agradável ali mesmo à beirinha da frutaria onde costumava assumar a Amélie Poulain. A ela não a vi...
Ah! já quase me esquecia! O meu tempo? 2h57'45'' Como vêm... O tempo conta e a malta até gosta de correr rápido mas dimensão humana tem muito mais piada!!!