terça-feira, julho 04, 2006

Putente Pai

Fiquei há pouco tempo a saber que tinha o meu Pai como leitor deste pasquim. O artista em causa não só é leitor como também aspira a poeta. A propósito do post Coisa Ruim o Ti Alvinho inspirou-se no etilismo da coisa para me dedicar uma poesia. Como o texto estava escondido em jeito de comentário aproveito para a puxar para cima e dar-lhe o merecido destaque:

Não foi coisa ruim, mas a propósito de cheiro a ... alambique, recordo um episódio de rua, já lá vão uns anitos. Mas é bom recordar.Assistia ao "cortejo dos gasosos" e da boca de um inesperado "gasoso" a afirmação ecoa na avenida: "eis o meu potente pai !"Se a afirmação não fosse feita num estado tão "gasoso", diria que aquilo foi apenas o lançamento dum boomerang... publicitário !Mas aceitemos o princípio de que “tal pai ... tal filho...”E pelo momento em que, devido a inesperado estado gasoso, fui elevado à condição de “potente pai”, lá vai uma poesia de arrebenta:

A PROPÓSITO DE 15 CENTÍMETROS
se a vida for medida ao centímetro
numa média de 75 anos.

De uma geração passada
Ao centímetro me fiz gente
Primeiro não era nada
Logo depois foi dureza
Sentida por homem potente
Cuja medida não pára
De se agitar com firmeza
Dando lugar a esta cara

Ao centímetro medindo a vida
Com vinte me fizeram magala
E já sem barba comprida
Fiz obediência a mandões
E lá tive de bater pala
Vezes sem conta ou medida
Só porque tinham galões
Ou uma farda vestida

Em dois furos da escala
Por Angola eu andei
Mas sempre tive na mala
Para servir a quem gosta
Suave música que dancei
Em terraço ou escura sala
E logo ela se encosta
Na medida que a embala

Mas seja ela qual for
A medida é sempre exacta
Pois em momento de ardor
Nunca o centímetro contou
Nem quando a fome se mata
Alimentando o amor

De quem por nós suspirou
Como um hino de louvor

Uma vida assim medida
De um até setenta e cinco
Não é uma média comprida
Quando se chega a sessenta
E com quinze ainda brinco
De uma forma sentida
Esperando pelos oitenta
C’o mesmo amor pela vida

Agora contai lá vós
A medida que vos falta
Mas ide trincando a noz
Nem que já vos falte o dente
Bem alto dizendo à malta
Que o quinze é bem feroz
Uma medida certa e potente
E capaz de erguer mós


Um grande abraço e bem-haja ao meu "Putente pai"!

2 comentários:

Anónimo disse...

#temos poeta

Anónimo disse...

O Ti Álvaro é GRANDE!