quarta-feira, maio 30, 2012

Orgulho, muito!


Quando alguém se entrega de corpo e alma a um projecto de vida são gerados produtos e subprodutos. Não raras vezes, o produto obtido não é o desejado nem tão pouco reflecte o empenho e perfeccionismo que o protagonista coloca na sua acção. Também não raras vezes são gerados subprodutos: matéria sentimental-e-experiêncistica muitas vezes desprezada mas que é, na minha opinião, o bem mais valioso de todo o processo.

Ainda que eu não passe de uma testemunhazita desta Viagem não deixo de me envolver com os protagonistas e com eles partilhar alegrias e tristezas. Pese embora, com o passar dos anos, tenha percebido que o meu espaço sentimental, e até muitas das minhas ideias, vivem melhor em privacidade e reserva, não consigo anular por completo o ímpeto da comunicação, sobretudo quando a temática me apaixona e me envolve até ao tutano.

Consentido o ímpeto, quero relatar o enorme, gigante, orgulho que sinto nos triatletas que estiveram envolvidos nesta qualificação para Londres e também nos outros que, não estando directamente na luta pelos Jogos, com eles trabalharam e os apoiaram.

O João Pereira não vai estar presente nos Jogos de Londres. Não porque não mereça, porque não tenha qualidade, porque não tenha tido oportunidades ou porque tenha acontecido algo de errado. Nada disso. O que lhe aconteceu foi apenas desporto. Em luta directa com adversários super qualificados ganhou umas vezes, perdeu outras, teve sorte numas, teve azar noutras, terminou no 39º lugar do Ranking Olímpico mas não chegou. Tudo somado ele fica de fora. O último qualificado para Londres está no lugar 70 mas a matemática é bem mais dura quando há mais atletas de nível no mesmo país. Para que o país levasse 3 homens a Londres ele teria de ter terminado no lugar 35 ou, se se preferir, bastaria teria de levado menos 38 segundos na última das 26 provas de qualificação em que participou.

O Pereira lutou como um gigante e fez-me babar de orgulho por ele ser português e por ser um dos meus, dos nossos. E de todo o processo há um subproduto de valor inestimável e que espero – com muita, muita força - que ele consiga apreciar e desenvolver. O processo preservou a personagem pura, o rapaz humilde mas concebeu um enorme atleta, um grande campeão, uma força da natureza, um vulcão que a curto prazo nos vai dar muitas alegrias.

A dificuldade e a intensidade do processo revelou ainda uma nova vertente no grupo de trabalho. O Miguel Arraiolos abdicou das suas aspirações (legítimas) no Europeu para ser o anjo da guarda do Bruno. Desempenhou o papel enquanto as pernas aguentaram. Mas de facto, quando se vai com o Cancellara, não há descanso nem quando se segue na roda…

Nessa mesma prova, o Duarte e o Silva colocaram-se na frente do pelotão para o travar, anularam fugas, responderam a ataques e até a sua água o Duarte deu ao Pereira porque o calor era muito e aquele motor V12 consume mais que 2 bidons/40km.

Espero que nestas curtas pinceladas tenha conseguido fazer um retrato digno da excelência que temos dentro de portas. Da minha parte, estou-lhes grato pelas lições e cá continuarei a remar para ser digno da companhia.

Venham agora 10 semanas de preparação para enfrentar uma prova duríssima. Aquela natação... vai andar tanto, tanto, tanto. No ciclismo vai ficar claro que não são precisas dificuldades de percurso para haver dificuldades para os atletas. E na corrida vão andar mais os que tiverem melhor estômago para digerir tudo o resto. Portugal vai lá ter talento e consistência. Atributos que podem não garantir medalhas (essas nem os Brownlee estão em posição de prometer) mas que garantem que as cores nacionais vão estar muito bem entregues e na briga. Isso de certeza!


Obrigado pessoal!

quarta-feira, maio 23, 2012

Il Giro

O Giro é uma das provas que, do ponto de vista dos cenários, mais aprecio. O percurso serpenteia por montanhas fabulosas. A etapa de hoje é uma daqueles que gostaria de ver bem refastelado no sofá em casa!
Aqui fica uma pequena treila para abrir o apetite para logo à tarde.

Greve dos comboios?

Incha! Parece que os maquinistas dos comboios lá em cima no Evaristo também estão de greve! Ca granda granel! Era como ontem discutíamos no BTT vespertino (@montanhacima): qualquer dia têm lá um cabo de aço e é só engatar a segurança e ir por ali acima. Depois, quando algum se sentir mal é só meter-lhe um bocado de chumbo nas botas e despachar para o campo base!! :-)



sexta-feira, maio 11, 2012

Anthony Bourdain em "No Reservations" faz retrato sobre Lisboa

Aqui está uma reportagem curtida! Portugal é bom, Lisboa é nice, é pena que nos tratemos tão mal e que não demos valor às (muitas) coisas boas que temos.

quarta-feira, maio 09, 2012

G-Strong

Já cá faltava um par de linhas dedicadas ao G-Strong. Ora, achei assim ao correr do rato um artigo do famoso Dr. Michele Ferrari reflectindo sobre as hipóteses de o Lance Armstrong vencer no Hawaii.
Primeiros: para quem não sabe, este Ferrari é um dos mais, senão o mais, afamados médicos-treinadores do ciclismo. Tem sido repetidamente julgado por fraude e distribuição de produtos dopantes. O Armstrong teve-o (tem) como amigo e conselheiro durante muitos anos. Contudo, depois de este ter sido envolvido em mais um escândalo o texano veio publicamente anunciar que, apesar de se tratar de uma pessoa amiga, cortava o relacionamento profissional com ele. Enfim... no ano passado o Ferrari voltou à baila por ter feito do Cadel Evans um vencedor no Tour.
Bom, é muita giro ler no texto insinuações às performances dos triatletas fazem no Hawaii. Vindas dele é algo irónico.
Seja como for, ele parece ter retomado o contacto profissional com o G-Strong. Contudo, a avaliar pelos estoiros que este tem mandado nas últimas provas a coisa ainda está longe de afinada.

Tomai lá:
Can Lance win in Kona?
By: Michele Ferrari
Published: 21 Feb 2012

How the top performers of IronMan events are able to run the final marathon leg in 2h40min after having pedaled "in the wind" for 180km at 40km/h is a "METABOLIC PRODIGY" not easy to explain.
Even if we consider the swimming leg (about 50min), the bike part alone means an effort of 4h30min, which, for the corresponding intensity translates to a consumption of approximately 700g of CHO and 175g of fats (Med Sci Sports Exerc 1998, 30:1744-1750; Plugers Arch 1998, 436211-219).

Since the maximum amount of glycogen that can be stored in the muscles for an athlete of 70 kg is around 700-800g, it is difficult to explain how an athlete can run for 42 km at 16 km/h with glycogen stores almost totally depleted by the previous cycling performance.

Running at this speed requires an oxygen consumption of 53ml/kg/min, which corresponds to 70% of the average VO2max value of elite athletes (VO2max = 75ml/kg/min): impossible to hold this intensity of effort without a significant contribution of CHO as fuel.

In order to be able to realize such performance at the end of an IronMan, the triathlete must have a lipid power (see article 53x12.com) definitely higher than other elite athletes, with values ​​up to 1.20 g/min, so he/she can use a high % of fats in the bike leg, saving the glycogen essential for the running.

Lance Armstrong has recently completed a 70.3 (half Ironman in Panama) in 3h50'55": after a good swimming leg, he rode the undulating 90 km at 41.5 km/h and ran the 21.1 km at 16.4 km/h.
The first part of the running leg was done a bit too fast (around 18 km/h), thus compromising the final phases of the race (the last 6.3 km were done at 14.8 km/h): a wrong distribution of the intensity of effort probably cost him the victory in this event, which in any case resulted in an excellent 2nd place just 42" behind the winner, Olympic medalist Bevan Docherty from New Zealand.

Now, a 70.3 is a very different thing from a full IronMan, but knowing the athlete well, I can hazard a few calculations.

Pedaling at 40 km/h, on a flat course, with a time trial bike, Lance produces a power of 250w (personal observations): this intensity is relatively low for his aerobic engine, representing around 50% of his VO2max.
It takes 4h30min to ride the whole 180 km at 40 km/h; at an average power of 250W, this corresponds to a consumption of 900Kcal/h, equal to 4050Kcal for the cycling effort.
Assuming Armstrong at such low intensity (for him) utilizes 40% carbohydrate and 60% fats as fuel (with an RER = 0.82 approximately), in the bike leg he will consume 405g of CHO (1.50g/min) and 270g of fats (1.00g/min).

Running the marathon in 2h40min corresponds to a consumption of 1100Kcal/h, for a total of 2975 Kcal: if Lance will be able to use 50% carbohydrate and 50% fat (RER = 0.85 approx.), in the running leg he will consume 372g of CHO (2.32g/min) and 165g of lipids (1.03g/min).

It would probably be more convenient for Lance to ride the bike part at 41 km/h (260-265w), completing the 180 km course in about 4h23min, and set the running part at a more cautious pace (around 15 km/h), a speed best suited to his physical characteristics.

In order for Lance to succeed in the challenge, he will have to:

- get his organism used to burning fats as fuel (through diet and training)
- saturate his glycogen stores before the race (cargo-loading)
- improve his efficiency in running at the race pace (reduce the energetic cost/km)
- decrease his body to around 70 kg
- distribute the race pace as best as possible, also in relation with the outdoor temperature

If his 40 years of age will allow him to recover the hard necessary training and avoid any injury, he may as well make it...

top3!


É como diz o Paulo Futre: um gajo tem de ter uma linha! "é esta a linha, é este o projecto!" E a minha bem-amada terra neste tipo de cenas não facilita: segue a linha até ao limite e vai ao pódio! Bronze!

Um pouco mais a sério: eu posso compreender que uma entidade se endivide para se tornar mais competitiva, para fazer acontecer e depois recuperar o investimento. Contudo, ou eu estou muito leste do que se passa por lá (até admito que sim, estou longe), ou o Fundão está tudo menos competitivo.
Eu olho para a lista do top10 e vejo cidades do Allgarve - que mesmo em altura de crise têm uma capacidade brutal de atrair pessoas, logo valor; vejo capitais de distrito e vejo o "Porto B" (Gaia).
Quando olho para o top3,  lembro-me de um caríssimo autódromo em Portimão, lembro-me do Redbull Air-Race e do Festival Marés Vivas em Gaia mas depois só me lembro do Chocalhos em Alpedrinha.... Sinceramente, há aqui uma desproporcionalidade que não consigo compreender.

Tenho um misto de receio e esperança em quem herdou isto. Por um lado reconheço capacidade intelectual e criativa ao actual boss, mas por outro lado, há lá quem ache, e cito: "uma câmara nunca vai à valência". Não quero imaginar o que é gerir este buraco negro, que terá uma espécie de gravidade infinita que atrai Tudo para dentro de si. E o problema maior é este Tudo ser muito magrinho.
Custa uma fortuna visitar o Fundão. Os transportes mais baratos são uma jarda. A mão de obra qualificada fugiu de lá para não passar fome. As atracções naturais não têm ainda um suporte que as tornem competitivas. Algumas das atracções culturais morreram (outras surgiram reconheça-se). As pessoas envelheceram.

Temo muito que neste cenário o Fundão se torna ainda mais interessante para mim: que tenha demasiada paz e sossego.

uhm...sempre pensei que havia mais...


A legenda:
"...This picture shows the size of a sphere that would contain all of Earth's water in comparison to the size of the Earth. The blue sphere sitting on the United States, reaching from about Salt Lake City, Utah to Topeka, Kansas, has a diameter of about 860 miles (about 1,385 kilometers) , with a volume of about 332,500,000 cubic miles (1,386,000,000 cubic kilometers). The sphere includes all the water in the oceans, seas, ice caps, lakes and rivers as well as groundwater, atmospheric water, and even the water in you, your dog, and your tomato plant..."

Com tão pouca água o melhor é mesmo cuidar dela...

quarta-feira, maio 02, 2012

E chove e tanto

Não há direito... Vem um tipo de longe à procura de uns dias dedicados a si próprio e ao desporto e leva com a maior chuvada dos últimos 10 meses. E o pior é que não estou com power para me enfiar debaixo deste molho.
As ruas do Fundão estão assim mortiças, como a foto ilustra.
A parte boa é que a tv, a net e a comida em casa dos progenitores é boa.

A outra parte boa é perceber que a Ministra Cristas é boa a rezar por chuva, já para o resto... Jezzzz... "como se vê pela promoção de ontem (do Pingo Doce) podemos introduzir a taxa alimentar"??!!


terça-feira, maio 01, 2012