quarta-feira, abril 26, 2006

Paris Marathon.2

Em primeiro lugar quero pedir desculpa ao meu vasto auditório pela demora em chegar ao ponto_dois da cena Parisiense_Ó_Maratonal. Passemos pois à prática!!! (só um segundinho que vou ali rever em que ponto fiquei [...] já está).

Eu, pleno de força. Com o Salvador armado em Futre ali atrás

Na manhã da dita lá levantamos o odro da cama bem cedinho, tomamos o pequeno almoço no quarto e rumamos à zona do Arco do Triunfo. Haviamos combinado com o Sérgio Santos à porta de um MacDonalds, acabamos por ir para outro. Com sorte, no meio confusão, acabamos por o encontrar a aquecer numa rua vizinha e lá trotamos um pouco antes de nos colocarmos na primeira fila (logo após os corredores de elite).

À hora marcada soou o tiro do canhão e fizemo-nos Champs Élisées abaixo. Fui extremamente conservador nos primeiros Km's. Como durante a preparação não tive oportunidade de fazer os treinos longos que devia estava muito céptico em conseguir o andamento de 4' por Km até ao final da prova (como o Mister havia sugerido). Assim, levantei um tudo nada o pé e fui andando a 4'06'' e até mais lento que isso já que nos Km's iniciais perdi muito com a quantidade de pares de sapatilhas que se cruzavam com as minhas. Na cabeça levava bem frescas as sensações de estoiro que sofri os 28Km da Maratona de Sevilha em 2005 pelo que, desta vez, encarei a coisa como sendo uma prova de 12Km com 30 de lançamento. Passei aos 10Km em 41'30'' e aos 15Km passei em 1.02'.05''. Ao longo deste tempo fui desfrutando ao máximo da prova, das bandas de percursão e metais que haviam a cada 2 km's. A passagem à meia-maratona (1:27'15'') foi das coisas mais giras que tive no desporto. Havia imenso público (em generosa euforia), que nos fechavam a passagem deixando apenas um metro para o pelotão de atletas passar. Confesso que saí da meia arrepiado e com pele de galinha. Foi fabuloso.

Ainda bem disposto, perto do Km 25

Lá continuei de mansinho, a curtir a prova (esta é mesmo a melhor forma de descrever as sensações) e procurando manter-me bem para os últimos 12Km. Fiz questão de consumir bastante gel para não ter nenhuma quebra. Meti aos 6, aos 15, 22.5, aos 30, 35 e 40.

A partir da meia, como ia ainda muito bem fui saltando de grupo em grupo já que estava a andar alguns segundos mais rápido. Entre o Km 27 e o 29 o percurso passava por 4 túneis, bem perto da Torre Eiffel, nomeadamente o Tunel D'Alma onde morreu a princesa Diana. Nos topos desses túneis era possivel ver até mais de 1km para a frente. Ficava parvo, após 2 horas de prova havia ainda um pelotão compacto à minha frente. É impressionante a quantidade de pessoal que corre para baixar das 3 horas em Paris.

A partir dos 30 é que me decidi a entrar mentalmente dentro da prova e sofrer um bocadinho. Procurei acelerar. Até aos 35Km, apesar de já sentir o peso dos Km's nas pernas estava ainda fresco e com vontade de andar mais rápido.

No abastecimento dos 35Km tive a infeliz ideia de pensar: "já só faltam 7, vou-me molhar com uma esponja e fazer estes últimos a dar bem no osso". Assim que me molhei senti um belo arrepio seguido de uma marretada na cabeça que me vem a afectar esta zona toda (estou a apontar para as pernas). Dai até ao final foi um suplicio, só queria não andar mais lento que os 4'30'' por Km mas nem isso consegui nos Km 36 e 39. A última parte da prova é feita no Bosque de Bolonha e tem alguns retornos que quebram imenso o andamento, principalmente aos estorininhos que, como eu já levavam dois paus no lugar de pernas. Como senão bastasse ainda tive de aturar um indivíduo (adiante designado por bigodes) colado a mim que a cada bufadela respiratória dizia em tom sofrego "allez...!", mais uma bufadela e "allez...!" e mais outra e "allez...!". Já não o ouvia! Pedi-lhe por favor que calasse a bragana (tive de pedir em Português da Beira, com um ponto final do carvalho e tratando o bigodes em causa por "oh bigodes").

Finalmente a avenida Foch, onde estava a meta. A sensação final não teve nada que ver com a de Sevilha, não sei se por não ter tido a oportunidade de correr sozinho e logo não ter posto a cabeça deambular por outro lados, foi muito diferente! Ainda assim foi gratificante chegar à meta.

Maratona de Paris 2006

Acho que cheguei à meta em bom estado, conseguia caminhar bem. Sinto que durante os 30Km iniciais estive muito longe de dar o que podia mas preferi não arriscar. Não foi grande táctica já que no final estava na mesma roto. Mas tudo bem. Foi mais uma experiência fantástica.

Os meus parceiros de Hotel foram embora logo após a prova e fiquei sozinho na fantástica zona do Pigalle. Depois de uma bela tarde refastelado a ver o Paris-Roubaix fui juntar com outro pessoal do nosso grupo que também tinham ficado para segunda. Com eles veio o Luís Jesus, que foi a estrela "branca" da maratona de Paris, foi 4º mas com um fantástico 2h08'55''. Foi um jantar bem regadinho e muito agradável ali mesmo à beirinha da frutaria onde costumava assumar a Amélie Poulain. A ela não a vi...


Ah! já quase me esquecia! O meu tempo? 2h57'45'' Como vêm... O tempo conta e a malta até gosta de correr rápido mas dimensão humana tem muito mais piada!!!

8 comentários:

Anónimo disse...

Meu:
Omitiste aquela parte onde estavas a matigar, uma a uma, as folhas do teu caderninho. Aquel caderninho onde durante meses ias escrevendo as minas afirmações! :-D

Mas a malta perdoa-te! Foram 4 dias em grande!

Vamos lá ver se para o ano repetimos em Londres ou Roterdão ou Boston ou...

Abraços,

FC

Anónimo disse...

O caderninho onde eu foi anotando as tuas picardias não foi comido. Ele existe, e quando menos o esperares ele dá de si para te deixar o ego em baixo!!! ehehehehhe

Vá artista: PARABÉNS pelo teu desempenho em Paris, foi uma estreia à homem. Visto ao longe até parecias do Fundão...

Anónimo disse...

Agora sim, estava a ver q te tinhas esquecido de completar a história da Tua corrida.
Cumprimentos e Boas corridas (estou roidinha de inveja dessas dores, convívio, alegrias e estoiros nas provas!).
Fica bem.
Gilda

Anónimo disse...

Aquela máquina!
Para além do resultado(MáKina II), as tuas histórias divertem-me!

Ao olhar para estas fotos e para o teu tempo, lembras-te dos primeiros treinos que fizemos para ir à meia de Lisboa?

Aquilo é que eram estoiros...

Um abraço,

David A.

Anónimo disse...

É bem verdade Amaral...lembro-me bem de quando comecei a correr contigo! Ainda hoje a Gilda me disse "quem te viu e quem te vê..." Acho que um dia destes vou escrever sobre essa tema. Mas o esquema da coisa era basicamente o de:

Pesava 94Kg. Pela altura que me picaste para fazer a meia de Lisboa estavamos em obras lá pela Republica dos Açorianos, de maneiras que o meu dia-a-dia era mais ou menos isto:

12:00 - Levantar o cú da cama e ir ao Judeu comprar 1 grade de minis
13:00 - Almoço de Zulmira lá em casa (fazia umas francesinhas do diabo)
14:00 - Café no tasco do Irmão
14:30 - Já com fato de trolha vestido iniciava os trabalhos de pintura (não tinha jeito para mais nada!)
A cada 15 minutos: GRANADA SEM CAVILHA (mini)
18:30 - Treino à morte no Estádio Universitário de Coimbra (30' a 6' por km)
20:00 - Jantar de Zulmira
21:30 - Café de Irmão regado a um etíl qualquer
02:00 - Fim dos trabalhos de trolha
A cada 10 minutos: GRANADA SEM CAVILHA (mini)
04:00 - Estou no Buraco Negro a mandar buéda cenário a uma gaja qualquer que o alcool fizesse bonita
07:00 - Estou no Irmão a comer pasteis de nata com imperiais
08:00 - Ninho, amanha há mais...

Assim sendo, acho que sim.... isto mudou um bocadinho...

Já agora, parabenizo-te publicamente pela tua catraia acabadinha de chegar ao planeta terra.

Abraços

Anónimo disse...

Pois é meu Fanzada, o post vem assim tipo 1 mês depois do acontecimento, mas já diziam os antigos "mais vale tarde que nunca". Nessa bela manhã de domingo em que estavas tu pelo distrito da Francia, estava eu a chegar a casa depois de uma bela noitada de English. Às 8 da matina liguei a Eurosport, e ali fiquei deitada no sofá a ver a maratona, ao mesmo tempo em que a minha cabine me ia oferecendo, consecutivamente, viagens num belo carrossel. O certo é que acabei por ferrar no sono até que subitamente, oiço o toque de SMS e acordo sobressaltada apesar de já estar à espera ... aí estava a primeira: "Staying on track with Gaz de France 30th Marathon de Paris D.VAZ 21 km 01h27mn32s Position:1480", e pensei cá para mim "Eh pah o gajo vai assanhado (tendo em conta as previsões que tinham sido feitas) ... deixa-me cá tentar manter os olhos abertos que é bem provável que o consiga ver a levar o pessoal todo à frente", mas acabei por adormecer. Consegui, no entanto, aperceber-me do ambiente altamente estimulante que aquilo tinha e imagino como a "rotidão" de um gajo passa ao lado quando se sente as boas vibrações de tal experiência. Fico muito contente por ter corrido tudo bem e, também, que não te tenhas borrado com tanto gel na tripa. Acima de tudo, e como boa (entenda-se boa=típica) gaja que sou, sinto muito orgulho no David "Amizade" Vaz de Fé e Fanzada em que te tornaste, e olha que não é qualquer um que consegue e tamanha proeza em tão poucos anos ... depois de se ter pesado 94 kg. May the Force (always) be with you!

Anónimo disse...

david...quem és tu?
já nem te conheço...tas tao diferente!!!
lindo na mm, mas TAO DIFERENTE!!!
o paulo disse q tavas diferente....mas TAO DIFERENTE!!
tou parva a olhar para estas fotografias...
sim sr!
muto bem...
fica bem,bijito!

Anónimo disse...

Olá David:
No outro dia em conversa com o teu pai soube que tinhas um bolg e tive curiosidade e resolvi hoje visitá-lo e estou espantada... porque tu estás super diferente...
Que eras um atleta famoso eu já sabia, mas assim tanto não sabia!
Parabéns por estas vitórias todas, fico muito feliz de te ver a triunfar.

Um beijinho
Filipa Dias