Corações ao alto!
Como seria de prever, desde que regressei do Paquistão ainda não tive tempo para aqui deixar um relato à altura. Mas como está previsto um artigo para a Sport Life, a sair lá para Setembro vão-se lixar e comprem masé a revista!!! Vá, pronto, eu gosto muito de vocês os 8 (eram oito, não eram?).
Tendo limitações óbvias para transformar em palavras de blog a experiência, atendendo à dimensão quasi-orgásmica que constitui para um devoto montanhês estar ali assim à beirinha do K2 (entre outros templos), atendendo ainda também ao mau desempenho da máquina fotográfica que me decidi a levar, temos todos de nos contentar com o medíocre relato que vos proporciono. Pior: será um relato dividido em suaves prestações, de periodicidade duvidosa e sem prazo anunciado...
Mas também: prestações e contentamento com o medíocre não é nada que não estejamos habituados em Portugal, siga lá a marinha faxa'vor!!
Islamabad (de forma muito sucinta):
Faz por lá um calor infernal. Misturado com uma humidade de fazer inveja a qualquer estufa, um tipo parece um peixe fora de água quando sai porta fora do aeroporto. Como chegámos muito cedo (7 da matina por lá) abrimos a pestaninha com duas horas e pico de seca no aeroporto. Enquanto o João se desdobrava em contactos para a agência que tinha sido contratada por ele para toda a operação logística da expedição ao Broad Peak (e que começava muito bem, deixando os clientes à seca), eu ia-me dedicando ao guardamento de malas e a inbestigar o curioso índice de homens de mão dada que por ali andavam. Pensei que seria de beberem todos Gaytorade, mas não era! O João lá me explicou (por A+B, e mais tarde o meu empírismo confirmaria a tese) que ali a rapaziada vive numa sociedade de tal forma masculina que é perfeitamente normal que amigos expressem publicamente a amizade que sentem de uma forma que nós apenas associamos ao relacionamento amoroso. Nada de mal, antes pelo contrário, afinal de contas amizade é também (uma espécie de) amor.
Lá chegámos ao hotel. Um hotel jeitoso, cheio de canais internacionais nas tv's. Não fora a falta de luz na Suiça e até conseguíamos ver os Jogos do Euro. Diga-se ainda que falta de luz ali não é problema. O pessoal tem geradores em barda. Que trabalham toda a santa noite ali assim por debaixo da janelinha do quarto. Não fora eu um talentoso dormidor e não teria pregado olho, mas sou. Apesar de pensar que tinha um camião-betoneira a operar toda a noite por debaixo da janela, tudo tranquilo.
Passámos o primeiro dia ali. No dia seguinte veio o Moons, o rapaz Dinamarquês que se juntaria ao João na subida ao Broad Peak. Havia uns avisos para os Dinamarqueses terem cautela, já que à conta de uma caricaturas há dramas para eles. Na prática não se vê nada disso, mas enfim... Assim sendo, o Moons assegurou que manteria um low-profil e chegaria ao Hotel sem drama. Posso comprovar que chegou mas já na parte do low-profil temos dúvidas, quer dizer... um gajo de 1,90 metros, branco como tudo, cabelo amarelo, orelhas proeminentes, olhos azuis, boné branco, meias de descanço pretas até ao joelho a matizar com o calção bége e uns bótões de montanha preta tamanho 45 ou 46... vá... quase low-profil... quase... :-)
No outro dia de manhã estávamos entre dois cenários: fazer de carro, durante dois dias a Karakorum Highway, ou ter bom tempo e viajar directamente para Skardu. Apesar de uma tentativa de boicoite por parte de uns artistas que deviam receber mais se fossemos de carro lá apanhámos o voo. Um voo brutal, com vista panorâmica sobre o K2, Nanga Parbat, Broad Peak, Rakapochi... Uma aterragem cheia de ésses, entre vales, até o avião perder altitude, alinhar com a pista e aterrar em Skardu.
Em Skardu ficámos apenas uma noite e no dia seguinte partimos para a viagem de jeep até Askoli. No nosso hotel estavam a Helena e o Paulo Coelho (quem leu o Mais Alta Solidão do João conhece) à nossa espera para irmos juntos para cima.
O post já vai longo e terá de ficar por aqui. Prometo que vou tentar que o próximo venha muito em breve, mas com provas a dobrar em todos os fins-de-semana e os Jogos Olímpicos ai à porta o serviço está a começar a ficar de novo animadinho. De quinta a uma semana zarpo para Pequim e ainda nem o visto fui tratar (hoje fui lá mas bati com o nariz na porta). Consta que leva 3 dias, sem drama...
8 comentários:
nao sei se sao 8 os teus blogoespectadores, mas eu faco parte dessa elite ;)
Muito viaja este rapaz... agora vai pras conchinchinas e nem passa pelas austrias que até tem umas montanhas jeitosas...
Só uns promenores a luz faltou em viena, nao foi na suica ;) e foi a conta de uma tempestade te raios e coriscos que parecia que os seus desabavam sobre as nossas cabecas...
E o que tu mostras na fotos, bem podia soar como um gerador, mas tem cara de ser ar condicionado... ;) so promenores ;)
conta mais dessa aventura :)
abraco
joe
ahhhh esqueci-me de perguntar... e os tapetes? sao engracados ou nem por isso? quanto custam ao metro quadrado? tens muitos em stock?
precisava de um pro meu hall de entrada... fazes um preco pra´migos?
Parabéns pela viagem. Obrigado pelo relato, esperamos por mais...
Este Moons é um tipo que queria ser o primeiro asmático a subir o Everest sem recurso a "botijas de oxigénio”?
Eh Joe!!! Calma com os tapetes. Deixei o negócio para a parte final da viagem. Guardei-te um tapetinho que mais dia menos dia te vou instalar ai a casa!!! A tua Maria, tá fina?
Rustman: boas! Sim, o Moons é esse tipo sim, o que aparecia no documentário do Discovery. Não vi o documentário mas no ano passado o Moons foi lá acima ao Evereste picar o ponto. Em 2005 também saiu de casa (na Dinamarca) e foi até ao Evereste, assim na base da amizade, sem andar a motor, pedalava (levou estrada e btt) ou corria na fase final. No fim não chegou ao cume mas esteve a 8500 sem oxigénio, o que é notável!!
Se tudo correr pelo normal medes forças com ele no Triatlo do Fundão! :-)
Abraços!!
CRISTO!!!! Que aborrecimento de viagem ou Sr. Vaz!... Humpf! Sabes o que é profunda inveja...? Não? Um dia destes explico-te.
Olà ( da França ) meu primo !
Acrescentando o que diz o teu pai, confirmo que és mesmo o heroi da nossa grande familia ( espalhada por aqui e por ali ). E com grande prazer que li o teu blog ( merci Alain ) e que fiquei a saber que andas transformado em "Saltimbanque" ai pelo mundo .
Aindo me lembro de ti quando ainda eras alto como "3 maçãs" ( ou seja em françiou "haut comme 3 pommes" ) e podes querer que se passasse por ti hoje, numca te tinha reconhecido. Tanto mudaste rapaz !
Parabéns por tudo aquilo que tu fazes. Um grande abraço a ti, a prima, o tio e tia.
Beijos do teu primo João Paulo.
P.S. : Podes querer que vou seguir as tuas aventuras.
A minha maria ta boa, tens que ir ao meu blog ve-la :) se tiveres um tempinho entre montanhas e corridas e provas e televisao e mais nao sei o quê...
abraco
Se escrevesses mais, mais eu lia ... nem que ficasse o dia inteiro de ôdro na cadeira e sem comer um naco de pão!
A parte fofa é que escreves como falas o que faz sentir-me pertinho de ti ... assim tipo como se estivessemos tipo ajuntamento na esplanada do Sopas, com umas jolas na mesa e com o Cavalo a mandar bitaites e a rir-se daquela maneira tão dele.
Fico à espera dos próximos episódios 'paquistanais'.
*sussurro* ... muitas muitas muitas saudadinhas tuas!!!
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