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Lá chegamos com a Ramona ao Mónaco, escusado será dizer que fez grande sensação entre os Ferraris, Rolls e companhia, e enquanto o Borges foi passear eu o Catarino fomos desentorpecer as pernas com um treininho de hora e meia de bicicleta que era suposto ser assim de fininho.
Passeamos pelo Porto, pelo túnel, pela curva do Hotel Paris (é assim que se chama) e estava eu descansadinho a enviar sms's para a terra mãe a tentar meter inveja ao pessoal quando se me apresenta um artista com o seu metro e 90 de altura, bem montado numa bike de estrada, perninha depilada e o camandro. Fala-nos em inglês cumprimentando e desafiando depois os tugas a andaram mais rápido mas numa onda assim daquela "olha-me estes futres tugas, vêm nas btt's, vou picá-los com a minha bike de estrada e vou aumentar a minha auto-estima deixando-os ai pregados!!" Dai que do cumprimento a 40-45 km's/hora com pneus de montanha foi um saltinho. O artista ia empenhado e nós a ver se aguentávamos a roda. Ainda lá fui à frente meter conversa com ele, já tinha feito triatlo, conhecia muito bem a Vanessa Fernandes e também um pouco o Bruno Pais, mas nem com a palheta o gajo desistiu da intenção de nos pregar. Só me perguntou (pq o Catarino vinha sempre na terceira posição) se o meu colega aguentava ao que eu lhe respondi: "Caríssimo Novel-Amigo: se há coisa com que o meu Amigo não tem de se ralar é com a saúde pernal do Catarino" e lá continuámos na direcção de Nice. Á pagina-das-tantas (curto esta expressão) vamos de encontro a uma súbida e o gajo vai de tensar mais a corda. Foi ai que pela primeira vez ouço o Catarino com as suas sempre sábias palavras: "Anda corno que já te chapaste!!", a GT-cinzenta lá meteu os cornos ao vento e em menos de nada quem penava era o "Charolês" eu deixe-me estar na roda do dito até que o artista perdesse completamente a roda do Catarino. Quando vi que ele tava mesmo nas últimas passa a Specialized-vermelha pelo "Charolês" indo apanhar a GT-cinzenta lá mais à frente e deixando o rapaz abandonado à sua sorte na subida. Fomos andando forte até termos a certeza que o "pequeno" tinha aprendido a lição e esperamos por ele para lhe dar uma palavra de alento e que podia continuar a mandar mais postais que os gajos dos pneus gordos ainda estava disponíveis para lhe responder. :)
Mas chega de me armar em macho!
Lá voltamos ao Mónaco onde o Paulinho foi sacando umas chapas e fomos ao belo do mergulho no Mediterrâneo. Jantámos por aquela bela cidade. Sério que fiquei maravilhado, não me importava de viver num qualquer Chalet daquele Rochedo. Estou até na disposição de abrir mão do meu Chalet no Chapim, sério! Depois do jantar assistimos do cimo do Rochedo a um festival de fogo de artifício na zona do Porto. Não há palavras que descrevam aquele cenário. Continuamos caminho sempre a subir, passamos nos túneis que nos levavam a Itália (sim, nós gajos da beira em vez de irmos pelo mar fomos pelo caminho da montanha) onde as tantas ficamos sem gasóleo e tivemos de andar não sei quanto tempo para trás até achar umas bombas. Acabamos por chegar a Salluzzo a meio da noite onde fomos recebidos pelos Cabinieri que se devem ter assustado com o evidente potencial da Ramona. Lá lhes explicamos ao que iamos e os gajos baixaram as metralhadores e escoltaram-nos a um sítio onde pernoitamos.
Amanhã há mais!
Amanhã vamo-nos deixar de passeio, vamos meter-nos nas estradas e acabar o dia já em Itália mas com uma passagem muito simpática pelo Mónaco.
Finalmente chegaram os ciclistas. Vinha fugido o Cadel Evans juntamente com o Óscar Pereiro e mais alguém que agora não me recordo bem. Atrás vinha o maluco do Vinokourov que tinha saltado do grupo do Armstrong. No grupo do Texano já não estava o Azevedo, estava algo mais atrás com o Popovich. Com o camisola amarela estavam o Floyd Landis, o Ullrich, o Rasmussen e outros.
Infelizmente este não foi um grande dia para o Azevedo mas a bandeira nacional lá esteve, à espera dele para o saudar.
O que mais me surpreendeu no Tour para além da envergadura que tem é o nível dos ciclistas. Eu estava habituado a ver na Torre a Volta a Portugal onde após os 50 primeiros já só se viam sprinters agarrados aos carros ou a serem empurrados montanha acima e já a grande distância dos primeiros. No Tour não, o nível é mais homogéneo e até mesmo os sprinters andam que se fartam na montanha, havendo diferenças nada comparáveis (atendendo aos percursos bem mais selectivos) com os que se vêm na Torre.
Assim que a caravana passa é incrível a rapidez com tudo desaparece: as pessoas, os carros, as bicicletas e até o lixo! Como de costume em território francês às 9 da noite está tudo fechado e pouco mais se pode fazer que dormir. O cansaço era grande e no dia seguinte íamos fazer um treino com rampas (o último antes do início do Ironbike) de manhã cedo e arrancar para o lado do mediterrâneo chegando-nos a Itália.
Amanhã há mais!