sexta-feira, outubro 21, 2005

Ironbike.3

No dia seguinte lá nos fizemos ao caminho, o objectivo era chegar a Salluzzo ainda nessa noite. Era já quinta-feira e tanto eu como o Catarino queriamos ter o dia de sexta para irmos ao secretariado da prova com calma, fazer um treino pela zona e eventualmente alguma compra de última para as bicicletas. Assim lá abrimos os cordões à bolsa e tá de pagar euros com fartura nas autoestradas francesas e gasóleo dourado (por aquele preço só podia ter ouro). Á passagem por Cannes fomos lá provar um bocadinho de trânsito (eu já tinha saudades) e fomos pela marginal até ao Mónaco. Meus amigos: eu já ouvi dizer que a Marginal de Cascais está ao nivel da de Nice...perdoem-me mas não concordo! Cascais é muito giro e tal mas aquilo ali é bem mais. Já percebo porque razão o Armstrong escolheu aquela zona para morar (antes de ir para Girona que é ainda melhor).



Lá chegamos com a Ramona ao Mónaco, escusado será dizer que fez grande sensação entre os Ferraris, Rolls e companhia, e enquanto o Borges foi passear eu o Catarino fomos desentorpecer as pernas com um treininho de hora e meia de bicicleta que era suposto ser assim de fininho.



Passeamos pelo Porto, pelo túnel, pela curva do Hotel Paris (é assim que se chama) e estava eu descansadinho a enviar sms's para a terra mãe a tentar meter inveja ao pessoal quando se me apresenta um artista com o seu metro e 90 de altura, bem montado numa bike de estrada, perninha depilada e o camandro. Fala-nos em inglês cumprimentando e desafiando depois os tugas a andaram mais rápido mas numa onda assim daquela "olha-me estes futres tugas, vêm nas btt's, vou picá-los com a minha bike de estrada e vou aumentar a minha auto-estima deixando-os ai pregados!!" Dai que do cumprimento a 40-45 km's/hora com pneus de montanha foi um saltinho. O artista ia empenhado e nós a ver se aguentávamos a roda. Ainda lá fui à frente meter conversa com ele, já tinha feito triatlo, conhecia muito bem a Vanessa Fernandes e também um pouco o Bruno Pais, mas nem com a palheta o gajo desistiu da intenção de nos pregar. Só me perguntou (pq o Catarino vinha sempre na terceira posição) se o meu colega aguentava ao que eu lhe respondi: "Caríssimo Novel-Amigo: se há coisa com que o meu Amigo não tem de se ralar é com a saúde pernal do Catarino" e lá continuámos na direcção de Nice. Á pagina-das-tantas (curto esta expressão) vamos de encontro a uma súbida e o gajo vai de tensar mais a corda. Foi ai que pela primeira vez ouço o Catarino com as suas sempre sábias palavras: "Anda corno que já te chapaste!!", a GT-cinzenta lá meteu os cornos ao vento e em menos de nada quem penava era o "Charolês" eu deixe-me estar na roda do dito até que o artista perdesse completamente a roda do Catarino. Quando vi que ele tava mesmo nas últimas passa a Specialized-vermelha pelo "Charolês" indo apanhar a GT-cinzenta lá mais à frente e deixando o rapaz abandonado à sua sorte na subida. Fomos andando forte até termos a certeza que o "pequeno" tinha aprendido a lição e esperamos por ele para lhe dar uma palavra de alento e que podia continuar a mandar mais postais que os gajos dos pneus gordos ainda estava disponíveis para lhe responder. :)

Mas chega de me armar em macho!

Lá voltamos ao Mónaco onde o Paulinho foi sacando umas chapas e fomos ao belo do mergulho no Mediterrâneo. Jantámos por aquela bela cidade. Sério que fiquei maravilhado, não me importava de viver num qualquer Chalet daquele Rochedo. Estou até na disposição de abrir mão do meu Chalet no Chapim, sério! Depois do jantar assistimos do cimo do Rochedo a um festival de fogo de artifício na zona do Porto. Não há palavras que descrevam aquele cenário. Continuamos caminho sempre a subir, passamos nos túneis que nos levavam a Itália (sim, nós gajos da beira em vez de irmos pelo mar fomos pelo caminho da montanha) onde as tantas ficamos sem gasóleo e tivemos de andar não sei quanto tempo para trás até achar umas bombas. Acabamos por chegar a Salluzzo a meio da noite onde fomos recebidos pelos Cabinieri que se devem ter assustado com o evidente potencial da Ramona. Lá lhes explicamos ao que iamos e os gajos baixaram as metralhadores e escoltaram-nos a um sítio onde pernoitamos.

Amanhã há mais!

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