quarta-feira, outubro 19, 2005

Ironbike.1

Aqui está um tema sobre o qual ando para escrever há muito tempo mas que por um ou por outro motivo tenho vindo a adiar. Devo começar por explicar que isto do Ironbike é uma prova de mountain bike que se realiza anualmente na província italiana de Piemonte, em plenos Alpes. É uma prova muito dura onde por vezes o BTT dá as mãos ao Alpinismo. A ideia de participar nisto partiu do Fernando Carmo, companheiro do Triatlo e que esteve presente em 2002 e que entretanto se tornou agente em Portugal da Ironbike. O Pedro Amaral outro companheiro da Tríade também lá esteve em 2004 e as referências que um e outro me deram foram as melhores: excelentes abastecimentos, óptimo ambiente entre atletas de muitas nacionalidades e staff. Paguei para ver (400€) e lá me preparei para a coisa. Devo dizer que a preparação que fiz esteve muito muito longe de ser a mais adequada. Devido ao tipo de trabalho que tenho não consegui dedicar os fins-de-semana a treinos longos em verdadeiro ambiente de montanha. A excepção foi o Xeque à Torre. Um fim-de-semana de BTT puro e duro em óptima companhia e de que guardo excelentes recordações.

Mas vamos a isto!
Fundanenses iam participar 3: eu, o Catarino e o Patrício pelo que nos decidimos a levar a minha ramona (Toyota Hiace de 1981 com comportamento e fiabilidade de um relógio suíço). A ideia era arrancar no domingo dia 17 de Julho ao final da tarde, atravessar Espanha durante a noite na segunda de manhã montar a tenda a meio da subida para o Aubisque onde na terça passava o Tour de France. Infelizmente o Patrício adoeceu e começamos a ver a sua ida por um canudo. Adiámos a viagem por um dia. Na segunda-feira a garganta do Patrício teimou em não melhorar e tivemos de nos fazer à estrada sem ele, ficando o compromisso de, no caso de melhora, ele ir ter a Milão de avião. Assim, eu, Catarino e Borges (nosso companheiro de viagem que nos deu um grande apoio) lá nos fizemos ao caminho cheios de pica para dar cabo dos Alpes e assistir ao sétimo triunfo do Texano Lance Armstrong no Tour de France. Ainda nos perdemos mas conseguimos chegar a Pau, porta de entrada dos Pirinéus na terça bem cedo. Passámos no centro da cidade onde nesse dia terminaria a etapa do Tour, a última com montanha antes da chegada aos Campos Elísios.


O ambiente em volta do Tour é qualquer coisa de muito grande, vêm-se grandes pelotões de cicloturistas, camiões para logística, carros de exteriores, muito helicópteros, muitos carros da organização. É tudo em grande, tudo é muito. Subimos até 4km do topo do Aubisque e ali montámos a tenda e descansámos até à tarde. Quando sai da tenda e cheguei à estrada a adrenalina disparou! Que loucura, milhares e milhares de pessoas (quase todas com a pulseira Livestrong), centenas de policias. Um ambiente de derby futebolístico (sem as partes más) transportado para uma estrada de montanha. Andámos por ali a receber montes de brindes da (também gigantesca) caravana publicitária, sacar umas fotos com malta famosa e da fantástica paisagem.

Finalmente chegaram os ciclistas. Vinha fugido o Cadel Evans juntamente com o Óscar Pereiro e mais alguém que agora não me recordo bem. Atrás vinha o maluco do Vinokourov que tinha saltado do grupo do Armstrong. No grupo do Texano já não estava o Azevedo, estava algo mais atrás com o Popovich. Com o camisola amarela estavam o Floyd Landis, o Ullrich, o Rasmussen e outros.

Infelizmente este não foi um grande dia para o Azevedo mas a bandeira nacional lá esteve, à espera dele para o saudar.

O que mais me surpreendeu no Tour para além da envergadura que tem é o nível dos ciclistas. Eu estava habituado a ver na Torre a Volta a Portugal onde após os 50 primeiros já só se viam sprinters agarrados aos carros ou a serem empurrados montanha acima e já a grande distância dos primeiros. No Tour não, o nível é mais homogéneo e até mesmo os sprinters andam que se fartam na montanha, havendo diferenças nada comparáveis (atendendo aos percursos bem mais selectivos) com os que se vêm na Torre.
Assim que a caravana passa é incrível a rapidez com tudo desaparece: as pessoas, os carros, as bicicletas e até o lixo! Como de costume em território francês às 9 da noite está tudo fechado e pouco mais se pode fazer que dormir. O cansaço era grande e no dia seguinte íamos fazer um treino com rampas (o último antes do início do Ironbike) de manhã cedo e arrancar para o lado do mediterrâneo chegando-nos a Itália.

Amanhã há mais!

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